A Dra. Guilhermina não me conhecia de parte alguma.
Depois de ter sido mal atendida na CUF Descobertas fui ao Centro de Saúde, de onde me reencaminharam para a consulta de alto risco do Hospital de Cascais.
Gostei da Dra. Guilhermina desde o primeiro olhar, ainda que não seja do tipo de médica fofinha e kiducha, que se desfaz em risos e simpática até mais não. A Dra. Guilhermina é, num primeiro contacto, um pouco seca, até. Hoje, dez meses depois, sei que é tímida.
Sem muitas conversas fomos-nos vendo semana após semana. Conhecendo melhor. Adivinhei-lhe cada pausa no discurso, cada silêncio, cada olhar perscrutador. Ela tranquilizou cada expressão ansiosa no meu olhar, cada nó na garganta, lágrima de desconforto e dor. A Dra. Guilhermina revelou-me o ser mulher da minha filha, as boas notícias após cada rastreio genético e ecografia morfológica. Sorriu quando me viu comovida a ouvir, pela primeira vez, o coração da Ana e quando me mostrou a primeira imagem mais humana da bebé.
A Dra. Guilhermina apaziguou-me as angústias, os medos, as preocupações. Recusou-se a acompanhar-me, em paralelo, no consultório privado onde também dá consultas, acolheu-me com disponibilidade em cada banco de urgência, escreveu no meu livro verde o seu número de telemóvel e insistiu que estava à minha disposição. A Dra. Guilhermina trabalha num hospital público e é o exemplo perfeito de que a humanidade com que se trata um doente, a defesa do seu bem-estar e conforto não é exclusiva dos hospitais particulares.
A Dra. Guilhermina chamou a Dra. Cecília de cada vez que fui internada, para substitui-la quando estava ausente. E a Dra. Cecília deu continuidade ao trabalho da colega, sempre atenta e sensível, profissional e humana.
No dia 9 de Agosto a Dra. Guilhermina interrompeu as suas férias para comandar a cesariana que trouxe a Ana ao mundo. Calada e discreta abriu-me a barriga, olhar doce e meigo, e puxou a minha filha das minhas entranhas, assistiu ao seu primeiro fôlego, ao som novo do seu respirar. E sorriu de uma forma diferente da que me tinha habituado ao longo dos últimos sete meses e meio. Um sorriso feliz, genuinamente feliz pela vitória acabada de acontecer.
Pegou na Ana ao colo e deu-lhe o primeiro colo, abraço, mimo.
Por isso e, por tudo o mais, quando hoje fui consultada pela última vez por ela para fechar o ciclo da gravidez e pós-parto deu-me uma nostalgia, uma saudade dela já. E precisei de agradecer.
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Dra. Guilhermina a pegar a mão da Ana pela primeira vez.
Quadro com inputs meus e fabricado pela querida Maria Mariquitas do "Amor ao Quadrado"
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Dra. Cecília com o seu coração ligado ao da Ana através do cordão umbilical.
Quadro com inputs meus e fabricado pela querida Maria Mariquitas do "Amor ao Quadrado"
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A Joana fez acompanhar a minha encomenda por este quadro maravilhoso, oferta para a Ana.
Nele consto eu, a bebé e, claro... a ursa Pólo Norte, só para contextualizar. |
(Para conhecerem o trabalho da Maria Mariquitas espreitem o
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Garanto que não há como resistir...)