Esta é a minha melhor amiga.
Quando percebi que ela estava apaixonada por um muçulmano torci o nariz, desconfiei muito, e só não agoirei porque gosto tanto dela que não podia torcer para que desse errado uma coisa que ela queria tanto que desse tanto certo.
Não acolhi o novo membro do clã como ele merecia. Deixei o meu preconceito, os meus estereótipos, o meu etnocentrismo dominar-me durante muito tempo, mais do que o razoável, demais o suficiente para me envergonhar.
Foi um processo moroso o de dar hipótese à pessoa em detrimento da sua religião, dos seus costumes, dos seus hábitos.
Hoje gosto muito dele. Mais do que alguma vez imaginava. Senti-o verdadeiramente quando, passados muitos anos, no último Verão nos abraçámos na maternidade. Ela não viu o abraço. Mas foi um abraço muito bonito e sincero, muito sentido.
Partilhei com ele um dos dias mais bonitos das suas vidas. Talvez o mais bonito de todos. Estava lá, não só testemunha de uma sobrinha especial, como a participar naquela bênção.
A minha sobrinha é filha de uma judia e de um muçulmano como se fosse um prenúncio do entendimento israelo-árabe, mais do que tolerância: de celebração da diversidade.
Esta quadripolarização do Líbano aconchega-me mais do que todas as outras. É a quadripolarização de uma amizade sem fronteiras. Que derruba todos os preconceitos, estereótipos, intolerância e sentimentos que, hoje, muito me envergonham.
À sua maneira, é uma quadripolarização de amor.
[Líbano quadripolarizado. Todos os países quadripolarizados aqui]