Há um episódio de Modern Family em que a DeDee, ex-mulher de Jay, morre.
DeDee não é uma personagem muito querida, até porque Gloria, a jovem e sexy mulher actual de Jay, sente-se ameaçada pela mãe dos filhos mais velhos do marido e, na verdade, a Gloria é a personagem estrela de toda a série.
Ora, neste episódio específico, e depois de muitas peripécias ao longo de várias temporadas, a DeDee morre. Quina. Kaput.
E antes de morrer a Dedde manda fazer uma figurinha dela em pvc que oferece aos netos para que não se esqueçam dela. Acontece que, durante todo o episódio, a figurinha da agora falecida é esquecida, pousada, encafuada em vários sítios inusitados, sendo que, inadvertidamente, Gloria apanha vários cagaços ao cruzar-se com a bonequinha de plástico da ex-rival que está, literalmente, em todo o lado.
Sou suspeita- que adoro a trama de Modern Family- mas o episódio divertiu-me, à época, horrores.
Até que o esqueci mas só até este Natal, em que os meus sogros vieram passar as festas connosco. Porque... a minha sogra decidiu fazer-se acompanhar da sua própria DeDee.
No primeiro dia, ao pequeno almoço, esqueceu-se dela na consola da entrada e eu, acabada de sair da cama, bati com os olhos na senhora, ali, pousada, a fitar-me. Sorri, intrigada sobe o que raio fazia aquela figura ali.
No segundo dia, já me tinha esquecido da senhora, quando sentada à mesa de jantar, viro-me para trás para apanhar um saca-rolhas, e ali está ela em cima da estante, armada em Mona Lisa a micar-me.
Fingi não ter reparado, não tossi, não mugi, não perguntei nada. Aquele mistério haveria de se desvendar.
E, durante quinze dias, entre fases em que a minha sogra via reels e rezava em simultâneo porque o multitasking a assiste, a porra da senhora estava em todo o lado: na cozinha, na sala, na casa de banho social, na minha casa de banho, no bolso da minha sogra, na mala da minha sogra, no parapeito da janela da sala, em cima da escrivaninha, no quarto da Ana, quase que podia jurar que a cheguei a ver dentro do microondas. Everywhere. A fitar-me, a micar-me, a stalkar-me.
Acabaram as férias de Natal e a minha sogra voltou para a terra.
Não sei como vos dizer que sinto um certo vazio face ao seu desaparecimento. Mas depois lembro-me que ela era exactamente assim:
Não é medo: é respeito.
Mentira: é medo mesmo, caredo!
6 comentários:
Ahahahah
Que bom teres voltado!
Mais uma vez a rir às gargalhadas!!! Deixou-te embalada no síndrome de Estocolmo 😁
E este ano que a família chegou com não uma, não duas, não três, mas QUATRO daquelas bonecas de porcelana sinistras dos anos 90? Levantei-me um dia às seis da manhã para lhes dar sumiço sem ninguém notar (técnica básica de as levar para a mala do carro e depois para o lixo um dia qualquer) e deparei-me com a minha filha do meio a dormir abraçada a duas. Que pesadelo...
(Já estão no lixo.)
E que bom a santinha também ter voltado lá para onde veio...
Juro que sonhei com isto dias seguidos. Que medo!
Bonecas de porcelana são um pesadelo dos anos 90 que deveriam ter ficado nessa década. Socorrro!
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