segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O Mundo divide-se entre...

... quem anda a googlar cenas da monarquia britânica e os outros.


[Amantes de "The Crown" unidos!]

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

domingo, 1 de novembro de 2020

8 anos

 



Porque é que não há comida azul? Porque é que os chás e o atum vêm em latas e as salsichas e o grão em frascos? Os búzios namoram com as conchas? Porque é que os famosos querem ser famosos se depois não gostam que os reconheçam e falem com eles? Porque é que os homens baixos não usam sapatos de salto alto? Os nervais têm poderes mágicos debaixo de água? Porque é que há queijo de vaca, cabra, ovelha e não há de porco? Porque é que o Japão que é uma ilha inventou o sushi para conservar o peixe e os Açores inventaram pacotes de leite e queijo? Porque é que há quem ache que o mundo não é redondo e embirram é com as crianças que acreditam em fadas? Se me dizem que as fadas não existem porque nunca as viram porque é que acreditam em Deus se também nunca o viram? Há países onde não há quatro estações do ano: como será a quinta estação do ano? Primaveral ou outoverno? Porque é que não há uma dança típica portuguesa para um casal dançar como o tango na Argentina e o flamenco em Espanha? Se há bonsais, não deveria também haver animaisais? Porque é que põem actores sem deficiência numa cadeira de rodas a fingir que têm deficiência se isso é tão estupido como pintar um actor branco para fingir que ele é castanho? Porque há um dia da igualdade se toda a gente sabe que devíamos era ter um dia da diferença? O papa é o CEO da igreja? Porque é que não há flores com as pétalas verdes? Porque é que há países onde o cabelo das mulheres tem que ser tapado por causa dos olhos dos homens: não deviam eram tapar os olhos deles? Porque é que se nasce a chorar em vez de a rir? Não devíamos aprender língua gestual na escola? Porque é que os cozinheiros mal criados é que têm programas na televisão em vez de serem os simpáticos e gentis? As fadas, os unicórnios e o Pai Natal vivem todos no mesmo Bairro? Como é que os meninos cegos constroem puzzles e fazem legos? Se os filhos nascem da barriga das mães, as mães quando têm que morrer não deviam murchar na barriga dos filhos?

Ana: há oito anos a abanar o meu Mundo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O Mundo divide-se...

... entre as pessoas que, em criança, fizeram visitas de estudo à Central de Cervejas e os outros.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

O Mundo divide-se...

O Mundo divide-se entre os pais que forram os livros, mamam com as bolhas de ar, furam com agulhas, dizem palavrões e fica uma porcaria por demais e os outros.




 [Também há os que compram aquelas capinhas mas toda a gente sabe que isso não é parentalidade sofrida e com sacrifício, pré-requisitos essenciais nisto de se ser pai...]

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

A Primavera em nós

 As pessoas perguntam como fazemos para isto durar há uma vida. 

As pessoas não sabem que isto não é uma vida são várias como nos jogos de computador que para passares de nível tens que correr, cair, descobrir truques para passares à próxima etapa, morreres às vezes e não frustrares e desligares a porra toda, insistires e recomeçares tudo certinho para avançares. 

As pessoas não sabem que isto não é uma vida são três: a minha, a tua e a nossa e as três desdobram-se em todas as vidas que já vivemos e as que estão por viver, tudo o que e quem já fomos, o que somos e o que mudamos, quem seremos e a incógnita do que está por vir. 

As pessoas não sabem que o desafio é acompanhar o ritmo da mudança um do outro e de nós e das circunstâncias (e de não as conseguirmos controlar tantas vezes) e no fim crescermos para o mesmo lado e não nos desencontrarmos nos patamares, na direção em que andamos e às vezes eu abrando e tu apressas-te, outras tu paras para eu te conseguir apanhar, às vezes tomamos balanço e avançamos muito e é incrível e se estamos os dois exaustos ou quase a perder-nos sentamo-nos a conversar à sombra da árvore do bem querer, caem folhas de cansaços e chove mas nunca deixámos de ter esperança que a Primavera é cíclica e volta sempre e que devemos esperar pelas flores. 

As pessoas perguntam-nos como fazemos para isto durar há uma vida e não sabemos explicar que nunca pensámos ou decidimos que ia durar todas estas vidas, limitámo-nos a viver, a errar, a falhar e a desejar e querer insistentemente acertar e a descobrir que é na companhia um do outro que as cegonhas fazem ninho no Mundo, as andorinhas regressam sempre e o amor é um pedaço perfeito de sol. 

As vidas mudam, nós mudamos mas, ano após ano, a Primavera nunca deixa de regressar

A mámen, por ocasião do nosso 14º aniversário de casamento, esperando continuar a nunca ter que lhe pedir




"No te voy a pedir que me des un beso. Ni que me pidas perdón cuando creo que lo has hecho mal o que te has equivocado. Tampoco voy a pedirte que me abraces cuando más lo necesito, o que me invites a cenar el día de nuestro aniversario. 

 No te voy a pedir que nos vayamos a recorrer el mundo, a vivir nuevas experiencias, y mucho menos te voy a pedir que me des la mano cuando estemos en mitad de esa ciudad.

 No te voy a pedir que me digas lo guapa que voy, aunque sea mentira, ni que me escribas nada bonito. Tampoco te voy a pedir que me llames para contarme qué tal fue en el día, ni que me digas que me echas de menos. 

 No te voy a pedir que me des las gracias por todo lo que hago por ti, ni que te preocupes por mi cuando mis ánimos están por los suelos, y por supuesto, no te pediré que me apoyes en mis decisiones. Tampoco te voy a pedir que me escuches cuando tengo mil historias que contarte. 

No te voy a pedir que hagas nada, ni siquiera que te quedes a mi lado para siempre. 

 Porque si tengo que pedírtelo, ya no lo quiero. "

Frida Khalo

 Frida Kahlo

terça-feira, 25 de agosto de 2020

domingo, 9 de agosto de 2020

Aos 9 de Agosto de 2020, à Ana por ocasião do seu 8º aniversário

Sabes, Ana, este era um aniversário que eu ansiava. Oito anos é uma idade importante para mim e não é pelos melhores motivos. Mas sabes que te conto sempre a verdade do Mundo, mesmo que a verdade doa. Tinha 8 anos quando eles se separaram. Sei que não me ouves falar do meu pai mas eu gostava muito dele antes de desgostar isto tudo que desgosto. É estranho desgostarmos de um pai, não é? Percebo-te bem na medida em que tens o melhor e mais dedicado pai do Mundo. Dizia-te eu que tenho gravados os meus 8 anos como o ano em que os meus pais se separaram mas, na verdade, o que conta é que esse foi o ano em que me senti desamada pela primeira vez. Talvez por isso ansiava que chegassem os teus 8 anos, felizes e tranquilos, seguros e, especialmente, amados, cuidados e queridos incondicionalmente, por todos. Como se pudesse, através de ti, dar colo à menina de 8 anos que fui, dar-lhe beijinhos nas esfoladelas da alma, apagar o desamor sentido à estreia. A psicologia explica e um dia posso-te explicar tudo, vantagem de quem tem pais psicólogos, né? Crescer dói sempre, filha. Porque implica escolher e aceitar escolhas circunstanciais que a vida nos atira sem que peçamos. E todas as escolhas implicam um ganho do que se escolheu mas também uma perda do que se deixou por escolher. Aceitar e viver bem com isto é o maior desafio da nossa existência. Assim que perceberes que é assim que funciona tudo será mais fácil. Não te posso spoilar a vida, Ana, porque isto é absolutamente imprevisível e dinâmico. Essa também é a parte que tem graça. Desejo que cresças forte e segura. Não segura de ideias, que elas evoluem. Nem de dogmas ou convicções. Nem sequer de quem tu és porque vamos sendo diferentes pessoas ao longo da vida. Mas segura incondicionalmente de que és amada por nós e que nunca sairemos de perto de ti. Nunca será o último aniversário que, por nossa escolha, passaremos contigo. Como foi o meu oitavo, o último em que desconheci o desamor. Não aches que isto não é um final feliz porque sou tua mãe e tu consertaste, célula a célula da minha vida, a forma como vivo o amor. Como amo e sou amada. Eu ensino-te a verdade do Mundo mas tu retribuis-me com toda a verdade sobre o amor.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

"Uma pessoa compreende o Mundo, pouco a pouco, e depois morre"




“Uma pessoa compreende o Mundo, pouco a pouco, e depois morre” - in “as velas ardem até ao fim”. 
 Nos últimos meses aprendi tanto, cresci tanto, aprendi tanto sobre mim e sobre o Mundo, abriram-se tantas luzes, desfizeram-se tantos nós. Tem sido um processo tranquilo e sereno ao contrário de todas as outras vezes em que cresci à força, puxada por episódios marcantes específicos: a separação dos meus pais, a morte dos meus avós, o nascimento de Ana, a morte do meu tio. 

 Desta vez é diferente, é de dentro que o crescimento vem, não é nada externo, consigo projectar-me,pensar mais fundo como quem inspira, sentir melhor. 

 Faço quarenta anos dentro de dois meses, o equador da vida e já não me sinto a envelhecer, como se fosse uma coisa pesada e fatídica, sinto-me só finalmente a crescer sem ser à bruta, à força, com estaladas da vida e abanões do destino. Crescer como cresce uma planta já depois de ter caule e folhas e flores, crescer para os lados, tornar-me mais robusta e forte, melhor. Uma pessoa compreende o Mundo, pouco a pouco. Pouco a pouco, é mesmo assim. Para compreender tudo bem. Tudo certo e melhor.

 E depois poder, enfim, morrer como quem (se) apaga (n)uma estrela.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

segunda-feira, 6 de abril de 2020

O mundo divide-se entre...

... quem organiza os livros na estante por tamanho dos livros e quem organiza por ordem alfabética de autores.

sábado, 28 de março de 2020

sexta-feira, 20 de março de 2020

quarta-feira, 11 de março de 2020

terça-feira, 3 de março de 2020

segunda-feira, 2 de março de 2020

Confessem lá sobre as saudades que vocês tinham de uma quadripolarização




"Oi!
Ouvi dizer que te faltava a Ucrânia, portanto aqui tens a praça central de Kiev! A panorama ficou um bocado tremida porque isto foi na manhã depois de descobrir o vodka ucraniano...

De bónus, tens Prypiat, do alto de um prédio de 16 andares (bem contados, que subi a pé), com o sarcófago de Chernobyl a ver-se ao fundo! Tive de pedir o papel ao guia e deixá-lo na zona de exclusão, não fosse estar contaminado. xD

Beijinhos quadripolares radioactivos

Ana C."


Querida Ana: finalmente o teu email publicado e a Ucrânia quadripolarizada. Yeahhh!

[Conheçam todos os países já quadripolarizados aqui.]

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Deus é sereia

Quando chegámos à Fuzeta olhaste para a areia com os olhos muito esbugalhados: taaaaantas conchas, mãe! 

Eu sorri e convidei-te a descalçares-te e começaste a explicar-me que as sereias só visitam as praias com areias cheias de conchas. Que são estas conchas as jóias que as sereias já não querem usar e assim as disponibilizam aos humanos. E a cada concha que apanhavas havia uma expressão de espanto: olha esta toda riscada, olha esta com tantas cores de arco-íris por dentro, olha este búzio que enroladinho. 

O gáudio de te ver durante mais de uma hora a maravilhares-te com pedaços do mar da cor dos teus olhos. 

E quando o sol começou a mergulhar no horizonte sentaste-te, cansada e em silêncio, e encostaste-te a mim, sentadas à chinês no areal. E eu levantei-me, enfim, e enquanto virava as costas para irmos beber um chocolate quente ali no borda d’água e tu um chá de limão e aquecermo-nos, comecei a ouvir um barulho repentino da maré a encher, a água a subir inesperadamente, o mar há um minuto parado e quieto, agora, de repente, a manifestar-se. 

Olhei para trás e estavas estarrecida: “mãe, shiiiiuuu! Ouve as sereias a abanarem as caudas debaixo do mar e a dizerem-nos adeus!” 

E depois um sussurro: “adeus, sereias! Adeus!” 

E ensinaste-me neste fim de tarde, Ana, tudo o que é importante saber sobre fé e amor, crença e sonho. Deus pode ter cabelos de algas e cauda de sereia. 

Obrigada por trazeres até mim esse segredo sem filtros, como esta fotografia, como tu, querida Ana, meu grande amor.
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