O Natal era o de 1996 e eu e a Cláudinha, minha melhor amiga de adolescência, parávamos, amiúde, na livraria Bertrand do Cascaishopping que tinha um pé direito gigante e estantes até ao tecto, uma mezanine com varandim e escadas daquelas de bibliotecas, a deslizar pelas prateleiras.
Não havia FNAC, nesse tempo, em que folheávamos livros incríveis naquela Bertrand específica e eu bati com os olhos neste livro. É fácil perceber quando um livro vai tornar-se num dos livros da minha vida: leio-o todo de seguida, entre noite ou entre dia, numa obsessao de urgência, como cumprir aquela historia fosse o mais urgente e prioritário objetivo da minha vida. Aconteceu quando eu tinha dez anos com o "Abram a porta ao meu pai", aos doze com a "Ursula, a maior", aos 17 com "Os Maias", aos 18 com os "Cem anos de solidão".E com este "Feliz Ano Velho" aos 16 anos, muito empurrada por aquela frase do "proibido a venda no Brasil', a soar a livro controverso e polémico, mesmo que aos 16 anos, rara adolescente lisboeta, nada soubesse sobre o período de ditadura do Brasil.
Hoje, consciente da fama astronómica do escritor no Brasil, e ciente de que o filme que tarda a chegar a Portugal e que dizem que trará o Óscar a Fernanda Torres irá tornar o Marcelo num hype, sinto um bocadinho a tristeza de ter que partilhar o meu escritor preferido com o Mundo em geral.
Leiam-no vocês então também.
E depois contem-me tudo.
O Marcelo foi o meu primeiro crush por um escritor e foi para ele que escrevi a primeira e ultima carta a um famoso, que temo que nunca tenha encontrado o devido destinatário.
Hoje, consciente da fama astronómica do escritor no Brasil, e ciente de que o filme que tarda a chegar a Portugal e que dizem que trará o Óscar a Fernanda Torres irá tornar o Marcelo num hype, sinto um bocadinho a tristeza de ter que partilhar o meu escritor preferido com o Mundo em geral.
Leiam-no vocês então também.
E depois contem-me tudo.