Chegou Dezembro e as coisas não melhoravam. Médica de família diagnostica hérnia discal (detectada numa TAC numa ida à urgência do hospital) e compressão do nervo ciático.
Nesta altura as idas às urgências com dores alucinantes eram tantas que as empregadas do Hospital já atribuiam desconto de funcionário do Hospital a mámen.
Farta de injecções de voltarem e relmus e com uma overdose de mentol de Transact experimentei o quiropata, que não se revelou eficaz no meu caso.
As compras de Natal foram feitas num só dia e, numa fase final, já usando a cadeira de rodas do Cascaishopping, o que- vendo o copo meio cheio- me deu prioridade numa série de filas das lojas. Noite de Natal a ganir baixinho (de dores até porque os presentes correram muito bem) e tirando o facto de mámen ter levado a minha Bimby para arranjar para vir a tempo de confecionar a ceia de Natal, que este ano era cá em casa, e de lhe terem assaltado o carro e roubado a bicha, pronto, tirando isto e as dores foi um Natal pois.
O ano novo foi simpático, com amigos do coração cá em casa sem me deixarem mexer um dedo sequer para me pouparem- beijinhos Margarida, Luna, Paulo, Laura- queijo, enchidos,marisco e vinho (para os que não tomam medicação).
Com medo que a medicação me desse sono e eu me viesse a esquecer daquela noite entre 2017 e 2018 a minha filha e a sua melhor amiga lançaram aqueles canhões de confettis às doze badaladas. Resultou. Cada vez que faço limpezas à casa, e já passaram 4 meses, encontro cabrões de confettis nos sítios mais recondidos, tipo a boiar dentro do autoclismo casa de banho do meu quarto, que fica assim a 3 km da sala ou na gaiola do coelho que fica a 5 km da sala.
E foi, de facto, uma meia noite inesquecível pois estava na casa de banho às doze badaladas, saí disparada para a sala (tão disparada quanto me permitiam as dores nas costas, portanto, cheguei quase a tempo de 2019) e esquecida da miséria em que me encontro fiz ali uma tentativa para cumprir a superstição e subir para uma cadeira com uma nota, num momento trágico-cómico, pois para além de não conseguir movimentos que me permitiam subir para a dita, o meu marido tinha-se esquecido de levantar dinheiro e só tinha uma nota que- cretino!- orgulhosamente ostentava no pedestal das minhas cadeiras da AREA, que foram caras, se eu não subo ninguém sobre e... cagaram-se todos para mim.
Ali estava eu, início de 2018, por pouco não passei a viradinha numa posição escatológica, sentada à mesa a segurar uma nota de Monopólio (que tínhamos jogado antes do Party) e mais marreca que o Bruno Carvalho naquele meme a sair do banco de suplentes.
Na verdade, acho que esse era o verdadeiro presságio para o ano de 2018: um ano quase de cagada, sem subir nem descer,na realidade sem me mexer, e com uma vida financeira tão promissora como a de um investidor do Monopólio.
Que viesse Janeiro. Assim com'assim já tenho passe V.I.P nas urgências e mámen descontos na cafetaria do hospital.