"Querida Pólo,
venho partilhar contigo uma fotografia que tirei este fim de semana, em Matosinhos, num passeio com os meus pais e a história por detrás dela.
Neste registo não se entende, mas esta grande ursa polar era robotizada e tinha no seu colo uma cria, e as duas, executavam um enternecedor, perfeito e aconchegante abraço. Sem nunca se separarem neste movimento, repetido. E eu, quando olhei para elas, fui assolada pelo pensamento "Sou eu e a Pólo" e comovi-me. Pode parecer estúpido, mas é a mais pura das verdades. E, colada neste sentimento, só ouvi a minha mãe, "Então?! Mas o que é que estás a fazer?". E enquanto corria, depois de captar este miserável registo, disse-lhe que estava a tirar uma fotografia para te enviar. "Mas o que é isso dos blogues?". E eu expliquei-lhe, com a mesma, repetida, elucidação que era uma página na internet onde as pessoas escreviam sobre o que lhes apetecia, podendo os temas variar, consoante os seus interesses, e onde podiam colocar vídeos, músicas. Depois existiam outras pessoas que o liam e comentavam. Mas na verdade, podia ter precisado a explicação e ter-lhe dito que os blogues não são isso. Os blogues começam por ser isso e, dentro do universo dos blogues, há aqueles que se tornam especiais. O teu blogue é o exemplo perfeito disso. Comecei a ler-te de forma esporádica e, depois, foste conquistando-me. Devagarinho, como nas melhores relações. E por uma vontade maior, quando no final de 2010 tive de deixar os meus pais, amigos e cidade e perder-me, literalmente, numa outra nova, a minha relação contigo, começou a mudar. Assim, como tinha (e tenho) de falar pelo menos 3 vezes com os meus pais ao telefone, como tinha (e tenho) de mandar mensagens aos meus amigos, tinha (e tenho) de te visitar várias vezes ao dia. Porque a distância e as saudades fazem-nos ter necessidade de sentir perto aqueles de quem gostamos muito. E tu foste (e és), sem o saberes, até hoje, um dos meus maiores confortos e, não menos vezes, inspirações nesta jornada díficil que decidi (acho que loucamente, às vezes) ser a minha. És aquela ursa polar, confiante, que me afaga os sentidos e me abraça nos meus piores momentos e potencia a felicidade dos melhores.
Tomada por esta avalanche, que te pode soar tola, decidi que te ia escrever o que aconteceu quando me deparei com esta montra e enviar a fotografia. Queria fazê-lo logo no Sábado, quando a tirei, mas tinha o cabo do telemóvel em Lisboa (a nova cidade), por isso, só quando chegasse seria capaz de ta enviar.
Quando no Domingo vi a maravilhosa notícia de que está para chegar um Baby Bear, pensei, "Nem de propósito". E fui a correr ter com a minha mãe, super feliz, “espalhar a notícia.” "Lembras-te da fotografia para o blogue de ontem? Vem aí uma cria polar, como a do robot!!". E a minha mãe, depois de nova explicação sobre blogues, retribuiu-me assim "É sempre bom mais bebés neste mundo. Mas eu não entendo como é que tu ficas tão feliz com essa notícia.". Sabes mãe, há coisas que não se entendem. Sentem-se.
E isto pode parecer tudo uma grande “balela”, mas foi escrito num dos meus maioresmaiores actos de espontaneidade e é aquilo que eu sinto. E posso parecer uma tola, mas se não aproveitasse esta onda de coragem que me assaltou sábado, ficarias sempre sem ter saber o duplo sentido desta imagem.
Quero só dizer-te Pólo, que estou feliz por ti, como fiquei por todos aqueles que na minha família já partilharam notícias semelhantes, como fico com as grandes vitórias dos meus amigos e com a genuína felicidade dos meus. Desejo-te, do fundo do coração, as maiores felicidades para ti e para o teu baby bear e acredito que serás uma Ursa Mãe mais que à altura. Porque se à distância és capaz de tudo isto, nem imagino o efeito pertinho da tua cria!
Beijinho grande Pólo!
Maria Lima Costa"