Isto do PSD se defender que não há coligação nacional é como aquela dona de casa americana puritana e beata que depois tem uma dungeon na cave para levar e dar tau-tau.
sábado, 7 de novembro de 2020
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Revoltem-se, pá!
Make Açores great again
PSD coliga-se a chega e não há molho de soja que o salve
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Os amigos da minha filha são melhores que os dos vossos
"Mãe, nem te contei sobre o disfarce mais assustador de sexta-feira"
"Ahhh, conta, conta, Ana!"
"Foi o do A. Foi sem máscara e disse que estava mascarado de menino assintomático de covid-19 e que nos ia contagiar a todos..."
Provocaçãozinha básica para leitores séniores deste blog
A sorte que é morar neste concelho. Vai que me tinha calhado, sei lá, por exemplo: a Bobadela?! #cascaisrula #aoestedabobadela #cadabobadelaumaminhoca
domingo, 1 de novembro de 2020
8 anos
Porque é que não há comida azul? Porque é que os chás e o atum vêm em latas e as salsichas e o grão em frascos? Os búzios namoram com as conchas? Porque é que os famosos querem ser famosos se depois não gostam que os reconheçam e falem com eles? Porque é que os homens baixos não usam sapatos de salto alto? Os nervais têm poderes mágicos debaixo de água? Porque é que há queijo de vaca, cabra, ovelha e não há de porco? Porque é que o Japão que é uma ilha inventou o sushi para conservar o peixe e os Açores inventaram pacotes de leite e queijo? Porque é que há quem ache que o mundo não é redondo e embirram é com as crianças que acreditam em fadas? Se me dizem que as fadas não existem porque nunca as viram porque é que acreditam em Deus se também nunca o viram? Há países onde não há quatro estações do ano: como será a quinta estação do ano? Primaveral ou outoverno? Porque é que não há uma dança típica portuguesa para um casal dançar como o tango na Argentina e o flamenco em Espanha? Se há bonsais, não deveria também haver animaisais? Porque é que põem actores sem deficiência numa cadeira de rodas a fingir que têm deficiência se isso é tão estupido como pintar um actor branco para fingir que ele é castanho? Porque há um dia da igualdade se toda a gente sabe que devíamos era ter um dia da diferença? O papa é o CEO da igreja? Porque é que não há flores com as pétalas verdes? Porque é que há países onde o cabelo das mulheres tem que ser tapado por causa dos olhos dos homens: não deviam eram tapar os olhos deles? Porque é que se nasce a chorar em vez de a rir? Não devíamos aprender língua gestual na escola? Porque é que os cozinheiros mal criados é que têm programas na televisão em vez de serem os simpáticos e gentis? As fadas, os unicórnios e o Pai Natal vivem todos no mesmo Bairro? Como é que os meninos cegos constroem puzzles e fazem legos? Se os filhos nascem da barriga das mães, as mães quando têm que morrer não deviam murchar na barriga dos filhos?
Ana: há oito anos a abanar o meu Mundo.
sábado, 31 de outubro de 2020
Covidias
A semana foi lenta e pesada.
O covid é um incêndio de proporções infindáveis: tu sabes que ele existe, ficas em estado de alerta, ligas as notícias e ouves números e vês como ele avança e quão mais perto está de ti, dos teus, pensas que podes regar o teu quintal, molhares as mãos de álcool gel como quem molha telhados e árvores, tapar a boca e o nariz com máscaras como quem atira cobertores para cima de pequenos focos de incêndio, para abafar o fogo, para acabar com o oxigénio que alimenta as labaredas.Tu podes fazer tudo isto na tua casa como na tua vida até ao dia em que percebes que não controlas o vento e que uma pequena fogalha voou e incendiou um canto do teu quintal e tu não tens culpa nenhuma, tu usaste os cobertores, tu regaste o telhado e arde, arde o teu quintal, o teu telhado, as tuas paredes, talvez ardas tu porque não controlas o vento e o incêndio chegou.
Esta semana o incêndio aproximou-se do meu trabalho, andámos as duas, esbaforidas, a entregar cobertores, a encher jerricans, a distribuir regadores e mangueiras para onde outrora havia todas as condições para nascerem flores, agora só desejamos que ali o fogo não pegue. Porque se pegar talvez a combustão seja mais rápida, talvez as cinzas sejam inevitáveis.
Trabalhar assim é um acto, sobretudo, de fé, porque há os outros lá fora e o vento sopra contra todo o nosso cuidado, trabalho e vontade.
“Precisamos de oxigénio”- disse-me a Ana, pela manhã. E viemos beber um café aqui à serra porque temos que viver neste equilíbrio difícil entre temer o oxigénio que alimenta o fogo e desejar o mesmo oxigénio que nos permite respirar.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
O Mundo divide-se...
... entre as pessoas que, em criança, fizeram visitas de estudo à Central de Cervejas e os outros.
Abençoada infância nos anos 80 na capital do Império
Regresso às aulas da Ana: uma análise histórico-estatística
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
O INCRÍVEL SENTIDO DE HUMOR DA MINHA FILHA - IV acto
First things first
O INCRÍVEL SENTIDO DE HUMOR DA MINHA FILHA - III acto
O INCRÍVEL SENTIDO DE HUMOR DA MINHA FILHA - II acto
O INCRÍVEL SENTIDO DE HUMOR DA MINHA FILHA - I acto
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Adivinhem o autor quadripolar da seguinte frase:
Merdas que vocês fazem aos filhos para serem nomeadas para ganharem a "grã ordem de mérito da maternidade abnegada, sacrificada, carmelita descalça, cheia de culpa judaico-cristão, freudiana" e que nunca pensaram que um dia descessem tão baixo ao inferno-maternal de tal modo que batessem no fundo.
terça-feira, 15 de setembro de 2020
O Mundo divide-se...
MISTURAS PERIGOSAS
MORRA A ELECTRA, MORRA, PIM!
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Conversões
Em idade dos cães um ano humano corresponde a sete caninos.
Em idade de infância de 2020 oito anos de uma miúda correspondem a quantos de anos de adolescência de 1990?
É que acho que a miúda traz defeito de fabrico.
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Eventualmente tudo passa.
Todos os clubes de futebol têm os seus flops que nos causam muita vergonha alheia
O Benfica teve o Vale e Azevedo
O Sporting teve o Bruno de Carvalho
O Grupo União Desportiva e Recreativa do Chega tem o aVentesma.
Ufa?
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
A mámen, por ocasião do nosso 14º aniversário de casamento, esperando continuar a nunca ter que lhe pedir
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
Aos 8 anos e 24 dias tornei-me na mãe que sempre temi vir a ser
"E que tal perguntares isso ao teu pai, fofinha?"
Adult goals: eu Vs minha filha
A Ana repara que a tia usa sempre saltos altos e pergunta-me porque não os uso. Explico-lhe que prefiro calçado confortável mas que quando era pequena queria muito ser crescida para poder usar saltos altos.
Responde-me de rajada:
"Tu querias crescer para usar saltos altos, mãe? Que falta de imaginação! Eu quero crescer para poder beber café. E vinho. Café e vinho. Ah, e tinto de verano!"
...
Estou a criar uma potencial viciada.
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Let's talk about sex, baby # acto III
Let's talk about sex, baby # acto II
Let's talk about sex, baby # acto I
Objeção de consciência contra formação cívica? Ide-vos encher de moscas!
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Dia da Leididi
sábado, 29 de agosto de 2020
Pandemia files
Não sobrevivi apenas. Consegui a proeza de poder dizer que vivi.
É um avião?
Ponho água fresca numa jarra
Antigamente odiava todas as rotinas: eram chatas, aborrecidas, previsíveis e enfadonhas. Eu sou feita do imprevisível, do flexível, do não planeado, da surpresa da vida, do improviso.
Depois, tal como uma criança que vê um infindável número de vezes o mesmo filme de desenhos animados, comecei, devagarinho,a apreciar saber o que vai acontecer. Gosto de saber que regra geral encontro pessoas civilizadas que usam máscara e não põem em risco a saúde pública, de comprar legumes sempre numa banca e fruta noutras duas, de visitar as peixeiras que acham que eu tenho sempre cara de quem compra sardinhas (e, na verdade, eu prefiro carapaus), que o senhor dos ovos dê sempre um ovo à Ana e o das flores a tente corromper com uma geribera para mudar de clube de futebol, de beber um café da Luísa e no inverno de comer pão com chouriço.
Em psicologia chama-se “segurança do previsível” e eu gosto muito de chamar mercado a este mercado e saber que para a Ana é e será sempre o “mercado das flores”.
Há uma felicidade segura em viver aqui e uma previsibilidade encantadora em ter flores frescas em jarras espalhadas pela casa todos os fins de sábados de manhã.
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Mapa astral: recomeço em Pólo Norte com lua em Jorge Palma e sol em Sérgio Godinho
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
#deusétuga | Castelo Branco e a surpresa do umbigo de Portugal
Não sei exactamente se o distrito de Castelo Branco é o umbigo de Portugal mas, de repente, estávamos perto de tudo.
Estacionámos o nosso quartel general durante três dias em Cernache do Bonjardim na Quinta do Portugo. A Quinta do Portugo é um conceito assim meio híbrido new age entre glamping, parque de campismo mesmo e turismo rural. Chegámos à Quinta (um bocadinho far, far away) e a dona, uma garborosa holandesa, falou-nos de forma muito objectiva: aqui fica a vossa caravana (são umas caravanas de madeira super giras), a casa de banho para necessidades e duches é partilhada e é ali em cima, se precisarem de água para cozinha têm aqui uns instagramáveis jerricans, passem para cá o dinheiro e tomem lá uma factura sem validade contabilística (soubemos depois), se quiserem mergulhar na piscina podem vir e goodbye Maria Ivone. Estávamos de férias, somos uns fixes, o valor da diária era realmente barato (40€/noite) e estávamos num mood "tá-se bem".
De Cernache do Bonjardim a Proença e viva a Ti Augusta da Joana
De Cernache partimos para um sem número de sítios. Começámos por Proença-a-Nova, onde tratámos de carimbar logo o Centro de Ciência Viva da Floresta. Foi nesta fase que percebemos que não iríamos resistir em parar em todas as estações e apeadeiros dos Centros de Ciência Viva e percebemos que deveríamos comprar o cartão família dos Centros (tem validade de um ano, dá para uma família de dois progenitores e dois filhos, as visitas são ilimitadas e custa 50 €). Dito, feito! No Centro de Ciência Viva da Floresta divertimo-nos imenso a aprender sobre o tempo de vida das árvores, os vários tipos de madeiras, observámos formigueiros e descobrimos imensas coisas sobre o perigo dos incêndios. Mais uma vez o Centro estava vazio e éramos os únicos visitantes (não percebemos porque
E às tantas renovamos votos numa capela montados numa vassoura e o padre é o Hagrid
terça-feira, 25 de agosto de 2020
O Mundo divide-se...
... entre quem acorda mal humorado e os outros.
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
O meu nome é Pólo Norte ...
sábado, 22 de agosto de 2020
Não sou médica. De nada.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
Não me lixem: é desporto!
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
This could be the end of everything
I walked across an empty land
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river, and it made me complete
I'm getting old, and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired, and I need somewhere to begin
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?
I'm getting old, and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired, and I need somewhere to begin
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know
I'm getting old, and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired, and I need somewhere to begin
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go?
So why don't we go?
Ohh
So why don't we go
Somewhere only we know?
Somewhere only we know
Somewhere only we know
Como envolver o marido na decoração da casa? A Pólo Norte explica.
Os filhos das outras
O fim das férias
O fim das férias, como quase tudo na vida, traz-me uma frasezinha do velho Millôr Fernandes: "Trabalho não mata. Mas vagabundagem nem cansa!"
domingo, 16 de agosto de 2020
Mudanças
Electra, essa puta
sábado, 15 de agosto de 2020
Escuta com atenção a mãe
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
Férias nas Caldas # III acto
Férias nas Caldas # II acto
Férias nas Caldas # I acto
quinta-feira, 13 de agosto de 2020
#deusétuga | Ai, eu estive quase morta no deserto e Santarém aqui tão perto
A música é com Porto e a voz profunda do Sérgio Godinho mas "perto" é mais que um state of mind: é uma dimensão física também. E o distrito vizinho é Santarém e tirando a capital do Gótico, o lavar de vistinhas com os agro-betos da Feira do Cavalo da Golegã, um namorado que tive em Almeirim e que me apresentou as caralhotas (é um pão regional,tá? Mas é também uma chalaça brejeira e a pessoa completou 40 anos mas continua uma adolescente que se ri com piadas parvas: aguentem-me!), a paixão platónica que tenho com a cidade de Tomar e um torricado que me ficou para sempre na memória comido com a minha amiga Clarisse em Benavente, nunca me tinha dedicado a explorar as entranhas do distrito de Santarém. Posto isto, para efeitos de estilo literário o título do post faz muito sentido, sim?
Alcanena: a capital da pele
Fomos directos a Alcanena. Não sabíamos nada de Alcanena mas queríamos ir ao Centro de Ciência Viva da Foz do Alviela, pelo que, metemo-nos a caminho e chegámos num dia especialmente duro. Na verdade é especialmente "mal-cheiroso" mas "duro" fica menos ofensivo para o alcanenenses. Percebemos que a culpa é da indústria dos curtumes aliada ao mau funcionamento da estação de tratamento de águas fluviais, segundo nos contou um senhor com quem metemos conversa num café. Demos uma volta pela cidade e descobrimos que em Minde, uma localidade pertencente ao concelho, há uma língua própria: o minderico e ficámos com mais curiosidade de explorar "a capital da pele" mas num dia com menos calor e odor.
Seguimos, então, para o nosso destino programado: o Centro de Ciência Viva da Nascente do Alviela, também conhecido por Carsoscópio. Comprámos bilhete para este centro (erradamente, como viríamos a descobrir depois mas lá chegaremos) e começámos a visita. O tema principal do centro aborda as nascentes dos rios, as águas subterrâneas, o impacto da poluição e... os morcegos. O que prova que karma is a bat, tendo em conta a minha experiência traumática com morcegos há uns anos (não chamem o SOS animal que o crime já prescreveu, por Deus! E eu já sou uma mulher crescida e madura: se fosse hoje surtava sem reação mesmo.) A Ana adorou o simulador gigante (embora eu e mámen consideremos que a linguagem devesse estar mais adaptada ao público infantil), colocar óculos 3D para assistir ao filme e fazer todas as experiências sobre o impacto da poluição nas águas subterrâneas e depois foi o delírio com toda a informação sobre morcegos. Para mim foi bom porque oscilei entre a náusea e a vontade de bolsar e fiquei sem apetite até ao jantar, o que dá jeito para a dieta.
Saímos do CCV que fica mesmo ao lado da praia fluvial de Olhos d´Água (sim, confesso: o Toy fez um concerto na minha cabeça o tempo todo!) e ... mergulhámos. E que spot fantástico, caramba! Adorei, adorei, adorei! Água limpíssima e fresquíssima, peixes a passarem entre nós, gente civilizada e a respeitar a distância social, casas de banho e acessos dignos e bar de suporte e staff disponível. Não só recomendamos como queremos voltar antes do Verão acabar!
Tancos, Almourol, Vila Nova da Barquinha e Constância
Chegámos a Tancos e não resisti à piadola de que deveriam ter por lá à venda t-shirts a dizer "I went to Tancos and all I didn't get was a lousy military weapon" mas, ironias à parte, Tancos é um lugar super arranjado e bonitinho. Mas o nosso objectivo era ali ao lado: Almourol. Estacionámos o carro e fomos a correr para a pequena embarcação que nos ia levar até ao Castelo (4€ por bilhete de adulto e a Ana não pagou. O bilhete inclui a travessia de barco que demora uns 4 minutos e a entrada no castelo. Há um acesso por terra mas, pelo que percebi, é proibido chegar de outra forma que não seja via rio).
Mega "ohhhhhh" à aproximação do barco ao castelo, numa vista tão bonita como instagramável. Tudo lindo. Quarenta e cinco minutos dentro das muralhas e de visita ao castelo e voltámos para terra. Constatámos, nesta altura, que tínhamos deixado o carro aberto, com o cartão-chave lá dentro e que não tinha sido sequer tocado por nenhum transeunte. Tenho, agora, um belíssimo contra-argumento para sempre que o meu marido quiser armar-se em recalcado e referir-se ao carro como "a minha bomba" explicar-lhe que se calhar não e bem assim, já que fomos a Tancos e nem por misericórdia lhe roubaram o bote... (desculpem! Eu sei...)
Era hora de almoço e alguém nos tinha recomendado a Tasquinha da Adélia, em Vila Nova da Barquinha. E que excelente sugestão! Comemos imenso os três - por um preço obsceno de barato (16€) - grelhada mista no ponto, bebidas, sobremesas e cafés. Demos uma volta pela zona ribeirinha (que bonita!) que tem um parque verde muito giro com vista para o Tejo e seguimos para Constância.
Constância (que antigamente se chamava Punhete!) é muito catita de um determinado ângulo. Só que depois há o ângulo das indústrias que descaracterizam aquilo tudo e a vista da ponte é tão bonita e uma pessoa vai ali tão feliz quando, de repente, leva um chapadão de realidade ao ver milhares de troncos no chão e as chaminés altas das fábricas de celulose e produção de pasta de eucalipto. Glup!
Mas decidimos explorar a vila e começámos pelo Jardim Horto de Camões (1,5€/entrada por adulto). Uma senhora simpática tratou de nos cobrar a entrada e logo se afastou para podar algumas das trepadeiras do jardim, deixando-nos explorar à nossa vontade. Regra geral apreciamos esta liberdade mas desta vez foi estranho porque nos sentimos perdidos e não havia uma narrativa explícita e congruente que nos fizesse viajar pela epopeia do filho mais famoso da terra e de toda aquela flora que representava essa viagem. Claro que aproveitámos para falar de Camões à Ana mas sentimos que havia tanto potencial e estava um bocadinho mal explorado. Valeu-nos o canteiro com uma coleção imensa de trevos de quatro folhas que fez as delícias da miúda.
Seguimos para o Centro de Ciência Viva- Parque de Astronomia que estava fechado para o almoço e só voltaria a abrir passadas duas horas, o que nos fez desistir mas prometer que aqui voltaríamos. O borboletário tropical era ali ao lado e estava também no nosso roteiro. Só que não: está fechado temporariamente por causa da covid e tivemos que nos contentar com uma actividade sobre insectos na ecoteca pública, que estava um bocadinho confusa. A esta altura estávamos um bocadinho desiludidos com a "vila -poema"(sim, o tejo e o zêzere abraçam-se mas estava tuuudo fechado!) e decidimos, num impulso, ir refrescar as ideias ao açude de Santa Margarida ali ao lado mas ficámos pelo caminho e tratámos de chafurdar num tanque público ali ao lado. Foi genial!
Estávamos "auguados" de rios e barragens e águinha em geral e ... Ferreira do Zêzere e barragem de Castelo de Bode. Mega wow! A Ana já não queria ir embora ("e se dormissemos no carro, mamã?") e foi a muuuuuito custo que a arrastámos para o nosso próximo destino, só depois de prometermos que vamos passar um fim-de-semana a Castelo de Bode mais para a frente.
Acabámos uma das tardes na Praia Fluvial da Ortiga e, meus amigos: fabulosa! Pouca gente, super limpinha, sem confusão. Super mas super mesmo recomendamos!
E no caminho para um novo distrito despedimo-nos do distrito de Santarém com a visão, até então, da vila mais bela de Portugal: Dornes (é de mim ou tem nome de terra de Game of Thrones?). O que é aquilo senhores? Tanta mas tanta mas tanta mas tanta mas tanta beleza! Já disse tanta beleza? Agora era eu que já perguntava a mámen se podíamos dormir no carro e ficar ali mais dois ou três dias ou o resto das férias, vá...O homem não cedeu, mesmo que eu lhe tivesse acenado com a ideia de pintar a torre templária pentagonal e a igreja maravilhosa e para isso ele precisaria de algum tempo, mas mesmo assim resistiu e eu fiquei como a santa padroeira de Dornes: num pranto. Agora só penso em voltar!
Seguimos viagem para o distrito de Castelo Branco com a certeza de que somos uns totós e não exploramos como deve ser lugares deslumbrantes que temos mesmo aqui no distrito vizinho e a certeza reconfortante de que identificámos lugares que queremos voltar e explorar como destino principal durante escapadinhas de fim-de-semana. Voltaremos: é uma promessa.
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Top do distrito de Santarém:
Pólo Norte- Dornes
Mámen- Ferreira do Zêzere
Ana- Ólhos d'Água
#deusétuga: prelúdio
Etapa 1 | Lisboa- Évora- Santarém- Portalegre- Castelo Branco- Guarda- Bragança- Vila Real- Viana do Castelo-Braga- Porto- Aveiro- Coimbra e Leiria (os outros quatro serão picados antes do final do ano)
Havia muitos planos para as férias deste ano: eu faria 40 anos, a festa seria de arromba, estaria obviamente mais magra porque estaria focada na dieta, na Páscoa teríamos ido à feira de Sevilha com a Ana e agora em Julho receberia o subsídio de férias depois de quase um ano num trabalho tranquilo e do qual gosto muito e partiríamos- os três- para Nova Iorque abraçar a minha soul sister Eileen. Depois road 66 e seria um Verão inesquecível.
Mas veio a pandemia e lá se foram os planos.
Eu tenho muita resistência à frustração (aliás, frustro pouco porque nunca dou nada por certo e garantido: sou das que nunca compra bilhete de ida e volta) e não planeei mais nada. Logo se vê.
Então ele propôs-me, até ao final do ano, darmos um giro quadripolar, uma espécie de volta a portugal de bólide e mostrarmos todos os distritos do país à miúda, uma road trip como adoramos, com improviso e aventura mas em Portugal. Começaríamos em força agora no Verão a cumprir 14 distritos do total de 18 (a esta hora, de certeza que estão a dizer baixinho o nome de todos).
Pensei que era fixe a título de prémio de consolação mas, afinal, a ideia pareceu-me cada vez mais emocionante.
No instagram do Quadripolaridades criei umas stories com o esqueleto do percurso que planeávamos percorrer e fomos pedindo e anotando as centenas (foram mesmo centenas) de sugestões que as pessoas que vivem ou conhecem bem cada sítio por onde iríamos passar nos iam dando. Ou seja, a excitação começou ainda antes de apertarmos os cintos.
Planear uma viagem é sonhar no plural. Eu recolhi todas recomendações, ele anotou e organizou e a Ana projectou tudo no mapa, que lhe comprámos na Bertrand. Mapa em papel: a loucura. Eu ouvi pessoas, ele estruturou os dias, ela tornou tudo realidade.
E, logo após o meu aniversário partimos. Foram um quase 2000 Km percorridos, muitos dias na estrada, muitas aventuras, muitas stories, diretos e posts de partilha no instagram e agora, na recta final da road trip e já a curtir o descanso dos guerreiros, arranjo tempo para deixar aqui tudo registado. Para quem quiser aproveitar algumas das dicas mas, sobretudo, para que eu não me esqueça.
Para a Ana construímos um diário de bordo com o roteiro detalhado, as histórias todas, com aguarelas dos sítios pintadas pelo pai e cartas escritas à mão por mim. Acho que lhe oferecemos um pequeno tesouro que resume a herança maior que lhe queremos deixar: mundo vivido.
Apertem os cintos: a saga quadripolar #deusétuga vai começar.
[É escusado dizer que custeámos esta viagem porque, como sempre, a nossa opinião não está à venda. Assim sendo, estamos à vontade para dizer o que gostámos e o que nem por isso, sítios mesmo imperdíveis e outros que benza-a-Deus. Agora não é uma realidade absoluta: é a nossa opinião. Mas, como sempre, é uma opinião livre. ]
terça-feira, 11 de agosto de 2020
o meu nome é Pólo Norte...
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Allegro ma non troppo
Já não vinha ao blog há meses mas nem me lembrei do blog. Ir de férias dá-me sempre um boost de energia e criatividade, as mesmas que me fazem falta quando não estou de férias e preciso de produzir e de trabalhar para sobreviver e, nessas alturas, escasseiam. Celebrei 40 anos e ainda não m'acredito. Tenho um trabalho muito fixe que não me desgasta nada emocionalmente e sinto falta de mudar o Mundo e de me desgastar. Encontrei a melhor colega de trabalho e descobri que há soul mates para tudo na vida: até para atender pessoas zangadas e mergulhar em papéis. O meu primo, que tem um défice cognitivo, oferece-me sempre livros eróticos de pornochachada pelas festividades. Decidi deixar de me zangar com o Mundo, não porque tenha alcançado um estado zen e elevado, mas porque não curto gastar energias com o que não muda. Ou seja, acabei de desistir do Mundo. "É o que é!"- é o meu novo mantra. É um bocado poucachinho mas, olhem, "é o que é". Perguntam-me, várias vezes e várias pessoas, porque desisti de tentar ser uma blogger famosa e respondo que não desisti, na medida que nunca quis ser blogger. Muito menos famosa. Gosto de públicos pequenos e seleccionados, escreveria sempre num palco tipo Olga Cadaval, os Campos Pequenos desta vida serão sempre para os toureiros. Ou para os touros. Estou assim de fechar a minha conta de facebook porque há muito ruído e pessoas a acharem-se muito, como se alguém se importasse. Gosto do instagram porque lá também não me acho muito. Gosto de ver os bonecos. A vida se calhar faz-se mais de imagens do que de palavras. Ou, pelo menos, as imagens selecionam melhor a audiência: quem não interessa vê as fotografias e faz scroll down como no tinder só que para baixo. Quem interessa pára e lê o post: as pessoas que me interessam têm menos motricidade fina com os dedos polegares. Coloco o mesmo post sobre o espanto de nos vermos em Serralves: no facebook acusam-me de apoiar a equipa que gere Serralves e que despediu trabalhadores precários, no instagram perguntam-se se a miúda se deslumbrou com os jardins. Gosto cada vez mais de menos gente. As pessoas continuam a usar máscaras com o nariz de fora e eu juro que fico perplexa. Percebi, na minha grande long trip, que era capaz de viver em montes de sítios e que nos podemos sentir em casa em vários lugares: Dornes, Tomar, Vila Velha de Rodão, Rio de Onor, Sortelha, Belmonte, Braga, Foz d'Égua, Viana do Castelo, Gimonde. E Aveiro, sempre Aveiro. O melhor do mundo são as pessoas. O pior do mundo são as pessoas. Comer bem, rodeada de pessoas seleccionadas com o mesmo rigor com que se escolhem os vinhos, é provavelmente o melhor hobbie do Mundo. Chega a uma idade da tua vida que não te importas de pagar mais e beber menos por um bom vinho e percebes, aí, várias respostas existenciais. Estou mais gorda e menos preocupada com isso. Deixei de seguir as redes sociais de todas as pessoas que advogam que temos que aceitar o nosso corpo e beca-beca, desde que o corpo seja magro. Recuso-me a prescindir ou a ter que fazer contas se posso ir a jogo ou não a um bom jantar entre amigos só porque tenho que fazer o sacrifício para a sociedade me ver magra. Entreguei a alma à netflix e adoro abobrar em frente ao sofá. Percebi que família é tudo: uma tragédia e uma benção. Preocupação constante e amor infinito. A miúda celebrará 8 anos e escolheu como tema "picnic da Barbie" e pediu-me para estrear um vestido pirosíssimo de 7 euro sda H&M. A minha primeira tendência foi sugerir que não e encaminhá-la para a Lanidor Kids para ficar igual às meninas dos catálogos. E depois percebi que a incongruência é tramada e que entre ela estar feliz e todos lhe elogiarem o vestido trendy e super in, quero mais é que ela se sinta feliz com o vestido e não esteja a servir de cabide a um vestido para que a sociedade a veja vestida segundo os padrões de beleza instituídos. A minha mãe ofereceu-lhe umas sabrinas douradas. A Ana sabe mais da vida aos 8 anos que nós juntas. A evolução das espécies está assim, quadripolarmente, provada. Estou a escrever um livro para ela com o resumo da nossa viagem de mais de 1000 Km. Não lhe deixo casacos de vison mas deixo-lhe palavras e acho que são capazes de ser mais úteis, até porque não faz assim tanto frio nos invernos por aqui. A não ser que me mude para Rio de Onor. E se tudo falhar o Rui voltou a pintar aguarelas. Já disse que a vida se calhar faz-se mais de imagens do que de palavras? Descubro que tinha saudades de escrever aqui no blog, sem limite de palavras. Entre facebook e instagram, se calhar, o melhor ainda são os blogs. O pior são as pessoas.
É o que é.