segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

O momento em que te sentes velha pela primeira vez.

 


No outro dia vi no threads a pergunta: "Quando foi que te sentiste, pela primeira vez, velha?".

Fiquei a remoer naquilo algum tempo. Terá sido quando me trataram por "senhora" pela primeira vez a atenderem-me numa loja? Quando me morreram os meus avós e deixei de ser a menina de alguém? Quando comecei a apreciar vinho tinto? Quando passei a ser "a mãe" e me despojaram do meu nome próprio assim que a minha filha nasceu e as educadoras, as pediatras e as pessoas que gostam mais de crianças que de adultos me passaram a tratar assim? Quando passei a não suportar a ideia de uma noite passada numa discoteca ou de um bar barulhento? A preferir passagens de ano em casa? A usar fato de banho em vez de bikini para disfarçar a barriga pós-parto? Quando passei a temer abrir a caixa do correio porque são só cartas com contas para pagar?Quando comecei a dar conta que me nascem cabelos brancos, as pálpebras descaem, tenho olheiras debaixo dos olhos e as minhas bochechas cedem à gravidade? Quando me convidaram para o jantar de 25 anos do fim de curso? Quando percebi, há dias, que este ano vou ser mãe de uma filha verdadeiramente adolescente?

Não. Foi hoje quando percebi que já não tenho dores apenas numa estação do ano mas em todas. Na Primavera as alergias e a febre dos fenos, espirros e o camandro. No Verão a tensão baixa, as coxas assadas e a sensação de desmaio constante. No Outono o início dos resfriados, constipações e gripes  várias. E, claro, no Inverno o cliché das dores musculares, os joelhos a rangerem e os ossos enregelados. 

Não sei se agora, também como com os meses do ano, se escrevem as estações do ano em letra minúscula. Eu não escrevo, quero mais que vão para o Inferno. 

Sou uma pessoa idosa de forma consistente nas 4 estações.  E no manguito constante ao uso do acordo ortográfico. 

Aguentam-me?

22 comentários:

Unknown disse...

A mim foi quando apareceu o primeiro pelo grosso no queixo... Um momento triste que me envelheceu 10 anos...

Fernanda disse...

Claro que aguentamos !

Sofia Ferreira disse...

Claro que aguentamos... e somos (pelo menos eu sou) solidárias!!!

Carla Miguel disse...

Quando um dia fui buscar o meu filho ao jardim-de-infância e uma colega do miúdo gritou "Joaquim!!! Vem lá a tua avó!". É o que temos!

Custódia C. disse...

Estou contigo no manguito. O resto... é melhor não pensar muito, pode ser que ajude a travar a passagem do tempo... e deixo um grande suspiro :)

Marisa Reis disse...

Claro que aguentamos, eu também sou essa pessoa idosa, que tendo 46 anos é anti acordo ortográfico, que escreve Inverno e Janeiro em maiúsculas, actor com c e baptismo com p, pois sem c o desgraçado do actor andava a atar exactamente o quê? :) :) ah , e claro, que também tem dores nos joelhos, artelhos, pescoço, sem ser na mudança das estações... e que detesta que lhe chamem senhora, mãe de fulano, esposa de beltrano e que adorava que dissessem filha de X, coisa que já não se aplica há 4 anos, devido ao falecimento do meu pai.

Tella disse...

Aguentamos!

Anaia disse...

Por estranho que pareça, a mim foi quando recebi um e-mail do HLuz. Dizia que o meu filho, como já tinha feito 16 anos, tinha de dar autorização por escrito, para continuar a gerir a conta dele. Não consigo explicar, mas foi uma facada no peito… como assim??!! Já não é bebé? Pode não autorizar??? Este ano faz 18 😢

Ana Pragana disse...

A mim foi depois de a Maria nascer, em que aguentar noites sem fim sem dormir, me custou infinitamente mais que quando o mais velho nasceu. Logo eu , que aguentei mais ou menos na boa, 2 anos sem dormir, desta vez, ao fim de 15 dias, estava pronta para ser internada.

Titanices disse...

Apesar de ter um filho a morar com a namorada desde Novembro e outro a namorar há cinco anos com a mesma, mas ainda aqui em casa continuo a dizer que não me sinto propriamente velha. Sinto algum peso da idade pois claro. Já cá cantam 52, algumas (várias) dores aqui e além, cabelos brancos pela cabeça fora que disfarço com umas madeixas lindas e carérrimas que teimo em manter, não há grandes noitadas para ninguém mas também nunca houve que sempre fui amiga da minha cama a horas relativamente decentes excepto quando fazia noites no hospital, e já ninguém me chama Mãe a não ser os meus filhos verdadeiros graçádeus que sempre foi coisa que me encanitou os nervos. Agora velha, assim mesmo velha, não. Não me sinto velha. Sabedora da vida sim, cada vez mais sabedora. E cada vez mais a preocupar-me apenas com o que verdadeiramente interessa. Welcome back miúda!!! Beijos, Titá

Pólo Norte disse...

E feel your pain.

Pólo Norte disse...

<3

Pólo Norte disse...

ohhhh! <3

Pólo Norte disse...

Beijinhos saudosos à sra. enfermeira, mãe de dois latagões incríveis, jamais sogra porque eu me recuso e a melhor padeira da blogosfera!

Pólo Norte disse...

Mas... mas... eles passam a mandar neles? Essas letras estavam escrutas miudinhas no contrato? É que não li nada disso e não estou minimamente preparada...

Pólo Norte disse...

A colega era miúpe. Mandavas a mãe levá-la à Fábrica de Óculos do Cacé, pá!

Pólo Norte disse...

Ufa!

Pólo Norte disse...

*

Pólo Norte disse...

Um beijinho à filha do teu pai <3

Pólo Norte disse...

Dizem que ao segundo é dose. Razão pela qual fui mais caguinchas que tu e me fiquei por um útero pop up.

Monikinha disse...

Venham de lá esses queixumes!! Nós gostamos mesmo é de te ler!! 😍

S disse...

Eu não passei por isso com os filhos, porque tinha 26 e 30 anos de idade quando pari, e sentia-me na flor da idade. Quando cada um deles entrou para a escola sim, isso abalou-me um pouquinho na consciência da idade. Cada vez que a Filipa (a mais velha) mudava de ciclo na escola, mais ainda, e com o André, o meu bebé nem se fala. A crise bateu mais quando dou por mim a ver de residências universitárias para a Filipa, ainda por cima noutro país. Quando também o André saiu e foi para Lisboa, ao ver-me no grupo dos "pais sem filhos", ou empty nester como dizem as pessoas chique, chorei baba e ranho. Tive que me habituar a cozinhar para apenas 2 pessoas, corava de orgulho mas também de velhice quando me perguntavam por eles e eu tinha de responder que estavam na universidade...
Recentemente, diversos problemas de saúde não ajudaram. Ouvir o oftalmologista associar a minha crescente falta de vista ao passar da idade, pior.
Na escola, dois alunos perguntarem pelos meus netos, pior.
No dia dos meus 50 anos, fiquei de rastos. Mesmo.
Mas mau mesmo muito mau tem sido encarar a p*ta da menopausa que vem em passo acelerado. Lidar com os sintomas, com o associar (parvo, eu sei) dessa coisa ao decréscimo da vitalidade de familiares, perceber que isso, sim, acontece só após uma certa idade, têm sido facadas no coração...

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