segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Casa e Mundo. Ou Mundo e Casa. Tanto faz.

 Entramos nos quartos de hotel onde permaneceremos um par de dias e tu começas a tirar da mala todas as peças de roupa e a pendurá-las, meticulosamente, no roupeiro. Eu sorrio, olhando, de soslaio, para a minha mochila, onde a roupa permanece sempre durante a estadia, seja por que período for.

Nas cidades que visitamos em escapadinhas rápidas tu, logo no primeiro dia, decoras mapas, estudas caminhos e direções e orientas-te como se aquela (esta) tivesse sido sempre a nossa casa. Eu sorrio, porque quero saber pouco dos caminhos, gosto de me perder em itinerários improváveis e de descobrir, aleatoriamente, destinos com os quaia nunca nos cruzaríamos, porque nao vêm nos guias, nos mapas ou nos planos dos outros.

Nos bairros que calcorreamos, de braços dados, fingimos que somos nativos, tu brincas e dizes sempre a caminho dos hotéis ou casas que alugamos parcos dias, em Madrid, Sevilha, Paris, Roma, Londres, Veneza ou Florença, que estamos no "nosso bairro".

Eu tiro-te do caminho, meto o nariz em lojas solidárias, ateliers de arte e design em garagens e caves, livrarias de bairro, lojas de antiguidades e mercados de rua, chamo-te a atenção para detalhes quase imperceptíveis nas vielas e arrasto-te para atalhos que não lembram a ninguém, mas que nos fazem sempre descobrir mundos insondáveis e pessoas maravilhosas.


Talvez, como há 26 anos, o segredo de sermos felizes se resuma nesta coisa boa e tão fácil de fazeres "casa", ninho ou morada em qualquer sitio onde me leves contigo e eu transformar em Mundo qualquer viela, beco ou atalho por onde te arraste comigo.

Parabéns pelo nosso 26 aniversário de namoro: que bom tem sido receber casa de ti e dar-te, eu, Mundo. Ninho e céu. Contenção e dispersão. Ficar e partir. Segurança e aventura. Previsão e infinito. Paixão e amor.

Casa e Mundo: um singular plural. 
Nós. 
Assim.

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