Andava a declinar subtilmente o convite.: há quatro semanas a inventar desculpas esfarrapadas na tentativa da colega perceber que a vontade de me deslocar a Vialonga era nenhuma. Mas nada! A moça insistia. O pretexto era que cravar-me opinião clínica acerca do seu fedelho problemático.
É o problema de se ser psicóloga , mais dia menos dia uma alminha acaba sempre por pedir ajuda. Imaginem, se fosse médica ou enfermeira: "Olhe lá, dê-me uma injecção aqui no nalguedo!" ou ainda "Estou cheia de psuríase, importa-se de me inspeccionar o corpo?" Mas não, invariavelmente a conversa começa com: "O meu filho está com um problema de comportamento, estou tão preocupada... Será que podia espreitá-lo?" Espreitá-lo o c******!!! Espreitar demora dois ou três segundos, não horas do meu rico sábado...
Enfim, Vialonga com eles, ou melhor Longway para parecer mais fino. A conversa começou logo mal com 1,25 € de portagem na A5 mais quase 2,5 € de portagem na CREL- ajudar por ajudar, antes comprar um pirilampo mágico.
Depois passados não sei quantos Km dei razão à minha amiga
Xana: tudo o que não é Lisboa, Cascais ou Sintra é... campo. E Vialonga é campo!
E chegámos. A ementa era... dobrada no forno com batata frita.
Agora digam-me: quem raio faz dobrada para um jantar relativamente formal? A acompanhar a bela cervejola e, claro, o famoso Ice-Tea do Lidl, que o cor-de-laranja não engana. Pratos floridos e mesa posta... na cozinha, pois.
Depois o marido... Bem, o marido era um verdadeiro cromo que usava expressões tipo "Ah, pois é bomboca!" e respirava pelos ouvidos, pois falava tanto que entre as palavras a sairem e o fumo dos cigarros atrás de cigarros que fumava, não havia tempo para inspirar nem expirar: um must! Já para não falar quando se saiu com "Quando viviamos na nossa casa de Chelas, os miúdos andavam bem mais agitados!" Pudera...
A seguir ao jantar, o frete de ver albúns de fotografias dos miúdos! E um bocadinho da história do nascimento dos ditos cujos, do crescimento e toda a contextualização para que a psicóloga de serviço confirmasse que havia no pequeno um verdadeiro problema previamente diagnosticado pelos progenitores: hiperactividade.
Depois, o fedelho. Mal criado, reguila, insubordinado à antiga. Nada de hiperactividade, só má educação. Sabem que mais?